Literatura e a nossa Língua Portuguesa (o que mais amamos)
TUDO E TODAS AS COISAS - Nicola Yonn
23/09/2016 23:00
Resenha deTudo e Todas as coisas
“Se a minha vida fosse um livro eu o lesse de trás para frente, nada mudaria. Hoje é o mesmo que ontem. Amanhã será o mesmo que hoje. No livro de Maddy, todos os capítulos seriam o mesmo.” (Pág. 160)
Título: Tudo e todas as coisas
Autora: Nicola Yoon
Editora: Novo conceito
Páginas: 296
Classificação da leitura:
Tudo e todas as coisas conta a história de Madeline Whittier que aos dezoito anos nunca saiu de casa, pois possui uma doença muito grave (IDCG), ela é alérgica ao mundo exterior. E, tudo que aprendeu foi com os livros, a internet e a televisão. Mas, os seus companheiros preferidos são os livros, ela lê o mesmo livro várias vezes.
“Li muito mais livros que você. Não importa quantos você já tenha lido. Tive tempo pra isso.” (Pág. 9)
Alérgica ao mundo a jovem Madeline tem uma rotina que inclui a verificação dos seus sinais vitais algumas vezes por dia. A enfermeira Carla é quem fica com Maddy durante o dia, enquanto a mãe da jovem trabalha. Pauline Whittier, mãe de Madeline, é médica; e, por isso é a responsável pela saúde da filha. Sendo assim, a garota não sai nem ao menos para ir ao hospital.
“Minha doença é tão rara quanto famosa. É um tipo de imunodeficiência combinada grave, mas você conhece como “doença da criança na bolha”. Basicamente, sou alérgica ao mundo.” (Pág. 11)
A casa de Madeline é toda adaptada para que ela não fique doente. Existe um sistema que filtra todo o ar antes que ele entre na casa. A família não recebe visita. Somente Carla, a enfermeira e mãe de Maddy ficam na casa, mas antes de entrarem elas passam uma hora em um processo de higienização severo. Às vezes um professor também vai até a casa, mas a grande maioria das aulas são somente on-line.
Embora Madeline tenha uma vida inclusa – ela não é infeliz; e, o livro não chega a ser um drama. Ela é uma garota que não fez planos e nem sonha com o futuro, acostumou-se a ter como divertimento as noites de jogos e de filmes com sua mãe. Porém, a vida de Maddy toma outro rumo quando os novos vizinhos mudam para a casa ao lado da casa dela. E, um lindo garoto de olhos azuis tem a janela do quarto que dá para o seu quarto. Madeline passa a observar a vida dos vizinhos, isso torna-se mais um passatempo. E, ela conhece Olly, os dois tornam-se amigos virtuais.
Olly é um garoto muito bacana, adora dar cambalhotas e vive escalando paredes. Ele vive um conflito familiar. Quanto mais Maddy o conhece mais deseja estar no mundo dele.
“Quanto mais eu tento deixar o mundo do lado de fora, ele parece mais determinado a entrar.” (Pág. 39)
Com a ajuda da enfermeira, Olly passa a visitar Maddy. E o amor acontece. O que fazer quando o amor pode matar? Essa é dúvida de Madeline. Como ela poderá viver esse amor com Olly, já que não pode ser tocada? Será que o amor verdadeiro é capaz de vencer? Na situação de Maddy – Amar torna-se impossível.
“... seu rosto se enterra no meu cabelo e meu rosto está pressionado contra o seu peito, nem mesmo a luz do sol passa entre os nossos corpos.
– Não morra – ele diz.
– Não morrerei – devolvo.” (Pág. 189)
Tudo e todas as coisa é narrado por Madeline. É um livro muito rápido de ser lido, pois existem capítulos que têm somente quatro linhas, outros têm um desenho, anotações de Maddy, etc. E isso tudo se encaixa perfeitamente na narrativa. Há muitas referências de outros livros na história, existem até alguns spoilers.
A escrita é simples, muito fluida e leve. Nessa história conhecemos personagens cativantes que dá aquela vontade de abraçar e ter como melhores amigos da vida. Fisicamente falando, o livro é lindo (capa, contracapa, folhas por dentro repletas de novidades). Tudo lindo!
Só uma coisinha me incomodou um pouco: achei o final meio corrido, gostaria de saber mais detalhes do desfecho. Tudo foi resolvido muito rápido e quando terminei a leitura fiquei com aquela sensação de “Ué, já acabou?”. Mas, ainda assim eu amei este livro lindo e estou torcendo por uma continuação.