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MENTIRA PERFEITA - Carina Rissi

12/09/2016 23:00 h

Resenha de Mentira Perfeita

 

“Não é o jeito que o seu corpo se move, como você vê, ouve ou sente o mundo importa, mas a maneira que você vive.” (Pág. 450)

 

 

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  Título: Mentira Perfeita

  Autor: Carina Rissi

  Editora: Verus

  Páginas: 460

  Classificação da leitura:

 

Mentira Perfeita é um Spin-off de Procura-se um Marido, mas mesmo que você não tenha lido o primeiro poderá ler este, pois o foco principal da narrativa é em uma nova personagem. Contudo, existem alguns spoilers do livro anterior. Mas, nessa resenha, podem ficar tranquilos porque não teremos spoiler de nenhum dos dois livros.

Não gostei muito de Procura-se um Marido, mas ainda assim fiquei curiosa e decidi ler Mentira Perfeita; e, que bom que fiz essa decisão, porque, eu amei a leitura. Apesar de não curtir o gênero Chic-Lit, confesso: Mentira Perfeita me conquistou.

O livro é narrado em primeira pessoa (com capítulos da Júlia e capítulos do Marcus). Os capítulos são supercurtinhos, o que facilita ainda mais a leitura. A leitura é muito gostosa, pois a narrativa é bem rápida e envolvente. Não consegui parar de ler e nem percebi que o livro tem mais de 450 páginas.

A protagonista dessa história é a Júlia que foi abandonada pela mãe quando criança; e, por esse motivo vive com a tia Berenice. Berê é uma personagem divertidíssima e muito querida por quem a conhece. Quem não gostaria de ter uma tia-mãe como ela, extremamente carinhosa e um pouco maluca? A união de Júlia e Berê é muito bonita e traz muitos momentos emocionantes à narrativa.

 

“Em momentos que tudo parece ir de mal a pior, a família é que nos mantém erguidos, mesmo que ela não seja de sangue. Existem laços tão fortes que só o coração é capaz de atar.” (Pág. 361).

 

Tia Berê confecciona vestidos de noivas e sonha muito em ver Júlia casada, até mesmo já começou a preparar um vestido para sua “Jujuba” usar no grande dia. Mas, a saúde de Tia Berê não anda nada bem, ela precisa de um transplante de coração urgente; e, em um dia que ela fica à beira da morte, Dênis, melhor amigo de Júlia, inventa que a amiga está de namoro sério. Ao ouvir a notícia, Tia Berê melhora e tem alta, agora ela só fala em conhecer o seu futuro genro-sobrinho. Mas, ele não existe.

Júlia não poderá contar a verdade para tia, pois Berê não aguentaria, apesar de ter alta, ela ainda precisa de um transplante. Nesse intervim, Júlia conhece Marcus, o irmão de Max de Procura-se um Marido. Marcus é cadeirante e seus pais são muito zelosos com ele e só aceitam que o filho vá morar sozinho caso contrate um cuidador. Então o acordo é feito entre Marcus e Júlia: Marcus fingirá ser o noivo perfeito de Júlia e ela fingirá ser a cuidadora dele. Devido a esse acordo muitas confusões acontecem na narrativa, muitos momentos engraçados.

É clichê sim, mas é romântico e leve. E o óbvio acontece: eles se apaixonam. Mesmo Marcus sendo cadeirante, a autora mostra que ele tem uma vida muito normal, achei isso bacana. E Júlia não se importou com esse detalhe; e, nem deveria, porque, preconceito não está com nada.

 

“Tudo bem, eu não conseguia imaginar o tamanho de sua dor e sua frustração por ter ficado paraplégico, mas ele não percebia que aquilo não mudava nada? Que os movimentos das pernas não define uma pessoa? Que para mim não fazia a menor diferença, porque o que realmente amava nele era ... ele todo?” (Pág. 217)

 

O fator família é muito presente na história. Não só a relação da Júlia com a tia, mas também a relação do Marcus com o irmão Max.

 

“Havia muitas coisas sobre as quais eu não tinha certeza naquele momento, porém Max nunca foi uma delas. Meu irmão sempre ficaria a meu lado, não importava quão estúpido eu fosse ou quão ruim a situação ficasse. Ele sempre estaria lá. Sempre esteve.” (Pág. 330).

 

Apesar do Chic-Lit ter somente a intenção de entreter, Carina Risse aborda vários temas fortes em Mentira Perfeita, tais como: abuso sexual, traumas, adoção, paraplegia. Embora a abordagem dos temas exista no livro, ela é feita de forma rasa, faltou profundidade. Mas, entendi o porquê da autora ter feito dessa maneira, de outra forma o gênero literário seria alterado.

 

Como acontece em todo Chic-Lit há alguns momentos surreais (é isso que não gosto nesse gênero, pois o que mais me cativa em um livro é quando ele é verossímil); mas, apesar desses pequenos detalhes, eu gostei bastante da leitura. Uma história divertida, romântica e leve era o que eu precisava para curar uma ressaca literária; e, foi com Mentira Perfeita que consegui isso.

 

Sabe aquele livro que você não consegue largar e fica com pena quando termina a leitura? Foi assim comigo em Mentira Perfeita.