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DANÇANDO SOBRE CACOS DE VIDRO - Ka Hancock

27/06/2016 22:49

Resenha de Dançando sobre cacos de vidro

 

O livro que mais me emocionou. Muito triste, mas muito lindo poder contemplar uma história de um amor tão puro e verdadeiro e capaz de vencer toda e qualquer barreira.

 

  Título: Dançando sobre cacos de vidro

  Autora: Ka Hancock

  Editora: Arqueiro

  Páginas: 329

  Classificação da leitura:

 

 

Lucy Houston e Mickey Chandler não deveriam se apaixonar. Os dois sofrem de doenças genéticas: Lucy tem um histórico familiar de câncer de mama muito agressivo e Mickey, um grave transtorno bipolar. No entanto, quando seus caminhos se cruzam, é impossível negar a atração entre eles. E, o amor acontece.

Lucy e suas irmãs Lily e Priscilla têm uma herança genética de câncer de mama. A mãe delas foi levada por causa da doença. Priscilla havia vencido a doença. E, Lucy tentava vencê-la.

A união das irmãs é muito bonita. Os pais dela já morreram, mas durante a narrativa conhecemos várias passagens, em forma de lembranças da Lucy com os pais. E, estes flashbacks são lindos!

Lucy Houston e Mickey Chandler se conhecem em uma festa. Ela demonstrou interesse instantaneamente, mas ele não queria dar uma chance ao amor, pois pelo fato de sofrer de um transtorno psíquico já havia tido algumas decepções amorosas. E, poderia fazê-la sofrer. Ele não estava pronto para o amor, não se sentia capaz de fazer uma mulher feliz. Quando ele tinha crises não conseguia controlar seus impulsos, não era ele mesmo.

O risco de envolver-se com alguém como Mickey era muito grande, ainda mais para alguém como Lucy, que tentava vencer um câncer. Suas irmãs ficaram assustadas quando souberam do relacionamento dos dois. Priscilla não podia aceitar ver sua irmã caçula ao lado de alguém, que aos olhos dela, não poderia protegê-la.

O amor que Lucy nutria por Mickey era capaz de vencer qualquer desafio; e, ele entendeu isso e se deixou amar.

“Lucy ficaria feliz – ela gostava mais do cara estável do que de mim, o que não era propriamente verdade. Lucy me amava – mesmo com parafusos soltos, peças sobressalentes e partes danificadas. Ela amava o pacote todo – dizia que devia ser assim ou não faria sentido me amar.” (Pág. 19)

Mickey também amara Lucy desde o início. Mas, temia não poder ser o que ela desejara.

E mesmo que pouco provável que daria certo eles acreditavam no amor que os uniam e renderam-se a ele.

“Botamos as alianças em nossos dedos molhados e o juiz insistiu em que o marido beijasse a esposa. Mickey ergueu meu rosto e me beijou debaixo de um temporal, e cada gota parecia uma bênção.” (Pág. 122)

Para que o casamento desse certo eles construíram um estatuto, um acordo, que não poderia ser quebrado. Várias regras, a maioria delas em relação aos surtos psicóticos que Mickey teria no decorrer de suas vidas. A última regra se resumiria a frase: SEM FILHOS! Essa regra fora criada após Lucy quase perder a batalha contra o câncer. Não poderiam gerar uma criança para não passar para ela suas cargas genéticas.

Durante onze anos de casamento eles tiveram momentos bons e momentos muitos ruins. E, agora terão que saber como agir em um momento que nunca pensariam viver – Lucy engravida, mesmo tendo ligado as trompas.

A vida deles terá uma reviravolta, será uma montanha russa de sentimentos.

Como Lucy irá gerar uma criança se a saúde lhe falta? Como Mickey será pai se os surtos ainda existem?

A verossimilhança dessa história é muito forte. A narrativa convence de uma tal forma que não parece que estamos lendo uma ficção. Ka Hancock, a autora, é enfermeira especializada na área de psiquiatria. E, acredito que o conhecimento que ela tem do assunto fez com que sua escrita tenha sido tão rica em detalhes.

Sou suspeita pra falar desse livro, porque quem me conhece sabe que ele é um dos meus preferidos; e, quiçá não seja o preferido. Os personagens são tão bem construídos que é impossível não se apaixonar por eles. A amizade entre a Lucy, suas irmãs e até mesmo os vizinhos é algo tão doce.

O amor de Lucy e Mickey nos faz refletir sobre até que ponto poderemos suportar em prol do amor verdadeiro.

Emocionante, triste e perfeito!

Leiam!

Obs. A Capa do livro tem um erro, vocês perceberão ao lê-lo.